quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A Briosa e Manuel Machado

Manuel Machado não é mais treinador da Briosa!
Graças a Deus! - Exclamei ao saber da boa nova - o que no dizer de um agnóstico como eu assume um significado muito, mas mesmo muito especial!
E porquê?
Por várias razões, a maior das quais, inelutavelmente, os resultados.

Liga Bwin:
2007/2008 - 16ªposição
3jogos; 0 vitórias, 1 empate, 2 derrotas, 2 golos marcados e 7 golos sofridos
2006/2007 - 13ªposição
30 jogos; 6 vitórias, 8 empates, 16 derrotas, 28 golos marcados e 46 golos sofridos

Taça de Portugal:
2007/2008 - ainda nenhum jogo efectuado
2006/2007: quartos de final
4 jogos; 3 vitórias, 0 empates, 1 derrota, 6 golos marcados e 5 golos sofridos: (Académica x Setubal - 2-1; Leixões x Académica - 1-2; Atlético x Académica - 0-1; Sporting x Académica - 2-1)

Taça Carlsberg:
2007/2008 - I eliminatória
1jogo;0 vitórias; 0 empates, 1 derrota, 0 golos marcados e 1 sofrido: (Fátima x Académica -0-1)
2006/2007 - não se realizou a prova

TOTAIS:
2007/2008:
4 jogos; 0 vitórias, 1 empate, 3 derrotas, 2 golos marcados e 8 sofridos
2006/2007:
34 jogos; 9 vitórias; 8 empates; 17 derrotas; 34 golos marcados e 51 sofridos

TOTAL MANUEL MACHADO:
38 jogos; 9 vitórias; 9 empates; 20 derrotas; 36 golos marcados e 59 sofridos

MÉDIAS:
23% de vitórias
23% de empates
54% de derrotas
0,94 golos marcados por jogo
1,55 golos sofridos por jogo

Palavras para quê, os números falam por si!

Num patamar de relevância ligeiramente inferior, mas igualmente decisivo para firmar um juízo de certeza positiva quanto à justeza da cessação do vínculo laboral com Machado avulta a ausência de um modelo e de um sistema de jogo.
Nos 14 meses de liderança técnica da Briosa, Machado nunca revelou ter sequer uma ideia para a equipa.
Nunca apresentou um modelo de jogo e um sistema táctico firmes, cuja consolidação procurou.
A cada semana, um novo onze, um novo sistema e um novo modelo.
A aquisição de rotinas e princípios de jogo tornou-se assim muito difícil, quiçá impossível!
A equipa pautou as suas exibições pela mediocridade e convém não obnubilar que, em jogos oficiais disputados no ECC, no ano de 2007, não venceu qualquer jogo e apenas marcou dois golos, ambos de "penalty".
Machado "inventou" muitas vezes no onze inicial, colocando jogadores em posições que claramente não eram as suas (v.g. Gyano a ala direito no jogo com o Porto), mexeu quase sempre mal na equipa e alardeou algumas teimosias tácticas absolutamente incompreensíveis, cujo expoente máximo terá sido a aposta em 3 centrais sempre que defrontou o Sporting.
Machado transmitiu a ideia de navegar ao sabor do improviso e da busca, quase desesperada, da panaceia que catapultaria a equipa para níveis de desempenho mais capazes.
Depois, a política de contratações.
Pela mão de José Eduardo Simões e Luís Agostinho e com o beneplácito de Machado entraram, na época passada, de 16 novos futebolistas, maioritariamente sul-americanos, com especial incidência no mercado brasileiro.
Mais do que as evidentes e naturais dificuldade em formar uma equipa resultantes da aquisição de um tão elevado número de jogadores, dos inequívocos inconvenientes da excessiva "brasileirização" do plantel, da ausência de critério e da falta de qualidade dos jogadores, avultou a postura de "yes man" que Machado sempre assumiu.
Machado encontrou na asnática política de contratações promovida por José Eduardo Simões e Luís Agostinho o respaldo para os insucessos futuros!
Machado nunca se opôs à chegada de futebolistas, antes pelo contrário, pois que aí vislumbrou o bode expiatório que haveria de o desresponsabilizar.
Durante grande parte da época da passada, o acento tónico do discurso de Machado residiu na necessidade de tempo para construir uma equipa face ao astronómico número de jogadores contratados.
Olvidou Machado qualquer referência à sua intervenção no processo, imputando de forma velada ou explicíta responsabilidades a Simões e Agostinho.
Mas, o que fez Machado perante os jogadores que arribavam em barda?
Nada!
Alguma vez Machado ergueu a sua voz no sentido de pôr termo a tal fluxo?
Nunca!
Alguma vez Machado "ousou" exercer um controlo mínimo sobre a qualidade dos jogadores contratados?
Não!
Este ano, inverteu-se a tendência?
Não!
Procurou Machado resolver os problemas que identificou na época passada como sendo os principais e que passavam, essencialmente, por uma maior estabilidade do quadro de jogadores?
Não!
Mais uma vez, voltaram a ser contratados 16 jogadores!
Machado nunca escondeu que estava a prazo em Coimbra.
Machado nunca se envolveu com o clube, a Cidade e os adeptos.
Machado nunca procurou desenvolver um projecto a médio-longo prazo para o clube.
Machado nunca quis saber da formação - nunca assistiu a um jogo que fosse dos juniores ou dos juvenis, nem procurou junto do coordenador e dos técnicos das camadas jovens informar-se sobre as qualidades dos atletas dos escalões de formação.
Machado não se coibiu de participar no processo eleitoral do V. Guimarães, não obstante tivesse um contrato de trabalho firmado com a Académica.
Por tudo isto, José Eduardo Simões tomou a decisão certa, que apenas pecou por tardia.
Para finalizar, uma nota apenas - tal como disse em relação ao sucedido no Benfica, também no caso da Briosa a culpa não deve morrer solteira!
Machado teve uma quota parte de responsabilidade na criação do actual estado de coisas, grande, mas não foi, nem perto, nem de longe, o único culpado!
Outros, a começar em José Eduardo Simões, passando por Luís Agostinho e a concluir nos próprios adeptos e simpatizantes da Briosa contribuíram para a degradação a que se assiste.
Termino citando José Manuel Delgado que n´A Bola escreveu:
"Para onde corre a Académica? O que se passa com a Briosa, sem resultados desportivos significativos e demasiadas vezes nas bocas do mundo por razões que estão longe de ser as melhores? Coimbra, a Académica e os adeptos da Briosa merecem mais e melhor. E a história assim o exige."

1 comentário:

PanKreas disse...

Amigo Vermelho,
Que inspiração!
Força Briosa.